Tuesday, December 05, 2006

...SAM-X

Palavras soltas... pensamentos desligados... de tudo um pouco e uma mao cheia de nada!

Sao assim as ideias que me veem a cabeca para falar de "sam-x"... Para chegar a um ponto concreto [ nloK ] lembro-me de varias coisas que gostaria de dizer, recordar ou simplesmente revisitar (pessoalmente... ou nao!).
Vem-me a imagem da Baixa Pombalina. Os dias ficam mais curtos, escuros [cinzentos mesmo!], mas ao mesmo tempo as luzes mais brilhantes e, atrevo-me a dizer, "alegres". Com o acelerar da contagem decrescente, todos arranjam uma boa desculpa para iluminar uma janela, porta ou montra [ normalmente pela ordem inversa... ].

Os mais cepticos, ciosos do "mal" que possa fazer ao nosso "conteudo" pensante e racional toda esta simplicidade e "plasticidade", apressam-se a julgar e desdenhar o lado comercial e "falso" de todo o cenario a nossa volta.
Mas afinal, o que sera pior: um pouco de ilusao, ao som de canticos e euros (quando os ha) a porta de cada "loja", ou a amarga ausencia dela [ ilusao ]; nao ter sequer vontade, espirito ou desculpa para passear no meio do turbilhao de luzes, musica e risos que invadem as ruas por esta altura.
Eu por mim prefiro um pouco de ilusao! Ate pode estar ligada a simples pressao comercial da epoca, mas cada um vive-a da maneira que quer e escolhe. E seja pensando apenas em si mesmo, ou oferecendo um pouco a outros [ de tempo precioso e ponderado na busca daquela "surpresa" ou "certeza" antecipada ], ha sempre algo de reconfortante no realizar desta expectativa latente [ e crescente! ] ao longo de 11 meses, primeiro quase imperceptivel, mas depois cada vez mais presente a medida que os dias vao encurtando e escurecendo.
Quer queiramos, quer nao, seja pelo valor espiritual e sentimental, ou pela simples ilusao de alegria e felicidade, a mim sabe-me bem o aproximar destes dias [ e noites ] e respirar um pouco do espirito de Natal, qualquer que seja a sua origem.
Por isso mesmo, tambem porque nem sempre a Baixa Pombalina esta aqui mesmo a mao de semear, e principalmente, porque o "M" nao parece tao brilhante por estes dias [ limita-se a ter o brilho dos outros dias, o que nesta altura e manifestamente insuficiente... ], e ja agora porque ha que procurar, conhecer e experimentar coisas novas, porque nao ir atras da "lenda" dos "mercados de Natal"?
Alguem falava outro dia de uma tradicao, ja antiga, numa cidade transformada num gigantesco percurso de Natal, com diversos mercados espalhados pelo centro, cada um a distancia de uma curta caminhada dos restantes... Tal como na anedota, "saltitando levemente de nenufar em nenufar" [ neste caso a sensacao de leveza deve vir do "gluwein"... ].
Assim foi. Destino: Colonia!
Agora e que o GPS vai dar mesmo jeito! A experiencia "belga" ensinou qualquer coisa... E o aproximar do Natal tambem tem destas coisas. Como dizia a pouco, nem que seja numa optica mais "egoista" que altruista...

A primeira sensacao e de curiosidade e quase de satisfacao plena, ao chegar e ver o primeiro mercado, a primeira "pedra" do percurso tracado. Nao sei se pelo impacto inicial, ou se pela "porta romana" que lhe serve de cenario, fica-me a imagem desde logo gravada na memoria. Nao se parece com qualquer um dos mercados seguintes, transmitindo uma imagem particularmente acolhedora.
Por ser de menor dimensao que os outros, como depois se vem a constatar, nao permite o aglomerar de demasiadas de pessoas, mas ainda assim o suficiente para retratar o ambiente de festa e curiosidade partilhado ao som da musica, das luzes, dos itens criativos, e das "bratwurst" a mistura com doces da epoca, com lugar cativo neste pequeno "circo".
Nao falta o carrossel, que e a alegria suprema das criancas e o alivio nao menos importante dos adultos, que ganham uns instantes de sossego e carregam baterias para o resto da "caminhada".

Mas especial e a chegada ao mercado situado no “sope” da catedral. Este monumento ergue-se como uma montanha no meio da cidade. Ha quem diga que, visitando Colonia num dia normal do ano, fora desta epoca, ja nao se consegue reparar em mais nada depois de visitada a catedral e de passear a sua volta. [ o.k., talvez nem todos pensem assim, mas de facto ela domina e desenha o horizonte de Colonia, assumindo-se “orgulhosa” como o seu mais caracteristico simbolo ].
Dizia, o mercado aqui mais parece prestar-lhe uma merecida homenagem, ao cair da noite, com as luzinhas a desenhar a silhueta de uma festa de Natal em sua honra, onde nao falta o “gluwein”, o carrossel e o variado leque de produtos tradicionais e natalicios. Ora vejam la...

Segue-se um passeio na margem do Reno. Apesar do frio, esta e uma paisagem bastante agradavel, a beira da chamada “velha” Colonia. Um “bairro” do tipo “alto” por estas paragens…
A animacao e particularmente intensa porque, a juntar-se aos mercados e a azafama de bares e restaurantes, as zonas comerciais permanecem abertas ate as 9 ou 10 da noite. Mesmo derivando da "falacia" [ para alguns ] do Natal “consumista”, a verdade e que ajuda a manter a animacao nas ruas ate mais tarde que o habitual.
You can also check it out at:

Mais um mercado, e desta vez algo nao tao tipico, mas indiscutivelmente saboroso: um crepe docinho, dociiiiinho!!! Por este andar nao ha jantar, so goluseimas… Oh, que chatice!...
A mim sabe-me bem toda esta “ilusao”...
Merry X-MAS…

C.C. – The Flying Expat

P.S.- a 30 de Novembro nasceu o Joshua, um verdadeiro ‘Expat” ainda antes de nascer! Parabens C. & P. E venham mais 30…

Monday, November 20, 2006

N.O.T.P.


Se fosse uma ex-colega de escola que lesse isto, ainda pensava que era um post sobre os New Kids On The Block - NKOTB... Pois S., so agora e que percebeste a diferenca [brincadeirinha!].

Na verdade, este e um post sobre os TFF. E ja agora sobre o IT [nao confundir com o ET, apesar do aspecto dos seus 75 anos que ja nao enganam...tal como o algodao].

Sabado fui convidado para a minha segunda N.O T.P.: the Night Of The Proms! Mas desta vez nao era uma festa de final de curso...

Para voces, "incultos", que pensam que o Colombo e uma cidade, e acham que tremocos e torresmos sao uma verdadeira "delicatesse" [por acaso ate marchavam, mas com uma boa cerveja belga...], dizia, para quem nao sabe, trata-se de um verdadeiro espectaculo musical!
Foi a minha "estreia" no Ahoy, e logo com um evento destes. A musica da para agradar a geracoes dos 25 aos 55 [e arriscava dizer um pouco mais, nao fosse "IT" o mesmo que... Ike Turner!]

Ok, ok, ja podem para de rir. Nao, eu nao fui ver um concerto do Ike Turner. Ele era apenas um dos varios artistas que compoe o "leque" de musicos que se juntou sob o "franchising" N.O.T.P. na versao 2006. E nao e o primeiro ou segundo ano que acontece! Segundo ouvi, vai para quase 20 anos que a musica dita classica e a pop se juntam a uma orquestra e um coro, apoiados por uma banda, tenores, vocalistas e as suas proprias bandas, para no seu conjunto oferecerem um verdadeiro show de musica. Seja qual for o estilo que nos faca "tickar" o coracao.



Digo-vos mais: nao e a toa que se chama "Night Of The Proms". O facto de juntar musica de varios quadrantes e geracoes torna quase impossivel que, pelo menos uma delas, nao faca parte da "banda sonora" da nossa vida.

Para nao falar no espectaculo de luzes e cor simultaneo ao sublime som da orquestra, a acompanhar, por exemplo, John Miles numa vibrante interpretacao de "Music was my first love"... Arrepiante...

Particularmente, mesmo antes do intervalo fiquei satisfeito por ter ido . Os TFF entraram em palco, numa timida interpretacao de "Mad World", mas logo aceleraram e arracaram refroes da plateia com "Everybody wants to rule the world" e "Sowing the Seeds of Love". E quando pensava que nao se podia pedir mais, eles lancaram o desafio: "Shout", especialmente electrizante na versao ao vivo.
Caramba, e que dava mesmo vontade de gritar. Isto musicas muitas vezes entoadas ao passar na radio, mas que eu nunca pensei que alguma vez poderiam ganhar mais vida do que quando eu tocava o meu "Jakpot'86" no gira-discos... Lindo!

Os UB40 tambem estiveram bem, para alguns no mesmo sentido que para mim foram os TFF. Mas impressionante foi o tenor "convidado", que responde pelo nome de Tony Henry, e que mostrou ao entoar trechos do "Barbeiro de Sevilha" e "Carmen" porque o apelidam de "new Pavarotti"...

Enfim, um pouquito de tudo a mistura, sempre com arranjos musicais (e visuais) impecaveis.

La na terra nao ha nada disto, e se houvesse se calhar nunca teria pensado seriamente nisso. Mas as vezes nao ha nada como experimentar...

http://www.notp.com/?country=en

Saudacoes musicais,

C.C. - The Flying Expat

Monday, November 13, 2006

MaGuStO

Tambem ha Magusto aqui!!!

Claro que para isso, e preciso um igrediente mais valioso que as castanhas ou a agua pe: Portugueses!!!!!!

Felizmente foi essa tambem a ideia da anfitria, A., que lancou o convite para um sarau "a Portuguesa" sob o pretexto do S. Martinho.

"Vai ser giro!", disse A. com entusiamo redobrado, enquanto repetia: "vai ser uma noite de falar so Portugues e ouvir musica Portuguesa, e claro, castanhas assadas!"

Bem, olhando la para fora, e da forma como o tempo tem estado, como seria possivel recusar tamanho "calor" humano, e com a promessa de tanta alegria?
Na verdade, nao seria preciso muito para dizer sim. A. & S. sao das melhores companhias que um expat pode querer... mesmo sem "kastanjes"!

Claro que o simples facto de nao ter qualquer viagem marcada para Portugal para saborear the real thing (roasted "kastanjes", "whatever" como diz o outro...) ajuda a valorizar ainda mais a oportunidade. E ser fim-de-semana entao, caiu que nem ginjas, sem preocupacoes de viagem ou de serao. E que serao!

Ja sei que me vao voltar a chamar de "imigra" [incultos, eu sou um expat, "fachabori"!], mas nada melhor que uma mesa "decorada" com bom vinho e enchidos de origem lusitana. E ja agora tambem de boa sangria, que quer seja tipica ou nao, escorrega sempre bem!
;)
:P
O ponto alto do sarau foi o desafio que A. tinha ja lancado pelo telefone: "e para trazer uma leitura, um poema, uma musica, o que seja... mas tem de ser em Portugues!"
Chegada a altura, as declamacoes seguiram-se como cerejas, umas atras das outras com mais ou menos sentimento, mas sempre com grande honestidade.

Pelo meio, algumas musicas da nossa juventude..."sao como divas"... E com alguma surpresa, mesmo as musicas que nao foram da "nossa" juventude transbordaram de sentido e ocasiao, tal a alegria e o sentimento [nao, aquela hora ainda nao era o vinho a "cantar"]. Nesta seccao, de referir o grande "Zeca", o rapaz estara sempre "la"! Explicar isto a um "estrangeiro" e que ja nao e tao facil, mas o momento quase que falou por si...

Isto pede um esclarecimento: apesar da mencionada "exclusividade Portuguesa", contamos com duas honrosas excepcoes: ambos rapazes de bom gosto, ou nao tivessem eles escolhido (e sido escolhidos, claro esta) cada qual para sua companheira uma cachopa lusa! So por isso, e o facto de se expressarem em bom Portugues (importante, nao fosse alguem ficar com os copos, e ai ja nao havia lingua inglesa que nos salvasse!), dizia, so isso ja fazia deles compinchas naturais para a cantoria e para o vinho.

Num momento mais difuso da noite, surgiu o Dartacao, a Abelha Maia, o Verao Azul e ja nao sei mais o que... A internet e um mundo, e a 11 de Novembro foi tambem uma janela para o passado e para as emocoes antigas que nunca esquecemos.

Fazem parte de nos, pecas do "puzzle" que somos, independentemente de estarmos ai ou aqui.
E por breves instantes, estivemos ai...

Abracos e Beijinhos,

C.C. - The Flying Expat

Tuesday, November 07, 2006

A Veneza do Norte



A Veneza do Norte: foi esta a minha paragem num domingo de passeio.

Depois de algumas direccoes menos conseguidas [estes belgas sao um pouquito totos!!!], la apareceu o sinal a indicar "24 km". Claro que 5 min depois apareceu outro a dizer "desvio"...

Nisto estes gajos sao mestres. Nao tenho GPS [ainda...], mas acho que neste caso nao me teria valido de muito. So se fosse daqueles como dizia uma vez o Nuno Markl, com sotaque brasileiro: 'agora "viri" a "djireita"... nao, a "ouutra djireita"... faca inversao "dji" marcha, "istupido"...

Enfim, nada que uma boa dose de paciencia e "ijpiritu" lusitano de desenrasca nao tenham resolvido. Ao chegar, nao havia indicacoes para o 'Centro', apenas 'Parking' [ao menos isso...]. Nenhum parque de estacionamento podia ser mais caro que o de Amesterdao, por isso arrisquei e entrei no "buraco" que parecia a entrada lateral de um edificio abandonado, prestes a implodir, onde apenas a cancela e a tabela de precos pareciam ter sido actualizadas recentemente...

Desde que se pague, pode-se ter tudo: ate uma visao mediaval do estacionamento subterraneo para automoveis modernos!

O.K., nao era assim tao mau, e afinal de contas estava no "Centro", mas digamos que nao era o tipo de sitio onde gostasse de passar mais que o necessario para ir do carro a superficie.

Mas perguntam vocemesses [ou sera vossemeces? ou vocemeces... Chica ("chissa"), onde esta um bom dicionario de Portugues quando se precisa dele?]
Mas perguntam: que raio de "Centro" e este? "Veneza do Norte"? "Ai o camandro..." [pronto, esta ultima era escusada, eu sei...].

Rapazes e Raparigas [politicamente incorrecto, nao interessa...], TODA a gente sabe que so ha uma e UMA SO Veneza do Norte...

Ainda nao adivinharam?

Incultos! Ja parece daquela vez que pensaram que o Colombo era uma cidade que eu tinha visitado [so porque eu falei num "centro cosmopolita"...].

Brugge, meus amigos, Brugge!...

Com os seus canais espalhados por toda a cidade, ruas estreitas, lagos artificiais e catedrais de campanarios altaneiros. A primeira vista e logo de se lhe tirar o chapeu [a nao ser que esteja a chover, o que felizmente nao era o caso], ao primeiro olhar que se lanca ("lansa") a imponente "Markt Square": simplesmente lindo!

Atravessando a praca ("prassa"... argh!) redescubro as sensacoes da visita a Florenca [ou nao combinasse com uma viajem a "verdadeira" Veneza], nao tanto pela arquitectura dos edificios mas pela riqueza do conjunto em si, pela beleza e imponencia de cada recanto, tanto quanto a vista alcanca.

Primeira paragem [depois do almoco, claro!!!]: aBelfry Tower. Domina nao so a praca, mas toda a paisagem da cidade. Data do sec. XV e tem mais de 80 metros de altura. E obra!



O edificio envolvente inclui um pateo interior, que reforca a sensacao de recuo no tempo quando nele se entra e olha para o topo da "torre do relogio".

Saindo pela "porta das traseiras", podia-se pensar que se volta a normalidade.. mas pelo contrario! Entra-se num mundo de ruas estreitas e edificios antigos, que explicam a pouco e pouco o porque desta cidade ser considerada "patrimonio da humanidade". 5 estrelas.

Percorrendo as ruelas continua-se uma viagem pelos sec. XV-XV!-XVII entre igrejas e portadas antigas. O pouco (mas algum) comercio "aberto" ao domingo da alguma vida as ruas, que este people pode ser "toto" nas indicacoes do transito, mas nao e parvo no fazer negocio e aproveitar as coisas boas da vida... Mas sem demasiada confusao. Principalmente turistas e locais que passeiam pelo simples prazer de percorrer as mesmas ruas.

Uma esquina, e outra praca. Outra igreja. Um antigo hospital transformado em museu e esplanadas. E depois a igreja de "Nossa Senhora", onde pontifica uma famosa estatua de Miguel Angelo [o escultor, nao o musico... felizmente os Delfins nao fizeram nenhuma versao do "color azul" em flamengo, senao eramos tao odiados pelos belgas como somos pelos holandeses desde o ultimo mundial de futebol!].

E finalmente, a oportunidade que esperava: um cais de partida de visitas de barco pelos canais!Ouvi dizer que as interompem durante o Inverno e grande parte do Outono por causa do frio [e nao me espantava pela possibilidade de a agua gelar, tao "amena" anda a temperatura por estes lados...]. Por isso aproveitei e segui para a fila [sim, que eu nao utilizo vocabulario "menos correcto", isto e um Blog decente...], comprei o bilhete e esperei o barco.
Tempo para umas fotos "by the water" com o Sol a mostrar vontade de se por. ["rasteirinho... rasteirinho e..." frio, neste caso! Quem nao percebeu, tambem nao interessa].

Mas o melhor ainda estava para vir: com o cair da noite, e o passar das horas, entrei numa pastelaria/casa de cha/restaurante, e saboriei um belo chocolate quente a acompanhar o que de mais tipico tem os belgas: um waffle coberto com chocolate! Saboroso! Lekker!

Sim Vitor, podia estar a falar de uma bela cerveja belga, mas isso fica para dias mais quentes...
;)

De regresso ao ponto de partida, a torre do relogio mostrava-se ainda mais bonita que antes, iluminado a praca e a cidade na noite.


Abracos e Beijinhos,

C.C. - The Flying Expat

Monday, October 23, 2006

Quelle Finesse!



'Quelle Finesse! Pois e, isto de um gajo ser (ou estar) expatriado tem coisas do arco da velha: a distancia da Patria e Lingua maternas leva por vezes a uma alienacao tal, que nos desabituamos de tal forma de falar Portugues, que quando temos oportunidade de o voltar a fazer... so dizemos disparates!!!!

Nao, nao estou a falar de gramatica (nao estou longe assim ha tanto tempo!!!!). Falo do simples uso da lingua.
No passado fim-de-semana, com a companhia de uma visita especial ao "Hotel M", tive o prazer de servir de "guia" pelas redondezas...
Independentemente da bebida e de outras coisas (isso agora tambem nao interessa nada... pouco!!!), dizia, independentemente de mil coisas malucas que andaram por ai a espreita, a rondar e tal ("ah e tal, nao..."), demos por nos a "assassiner" uma lingua "estrangeira".

Nao ha nada que desculpe a alucinacao que nos levou a descer tao baixo: em pleno "cafe-loja" demos por nos a fazer um concurso de palavras..... "francesas"!!!!!!

Da para acreditar?

E nao foi so uma ou duas: estivemos uma boa meia-hora naquilo!
Claro que a "piece de resistance" vem a seguir: nos nao eramos os unicos estrangeiros naquele "cafe-loja", pois mesmo ao nosso lado estava um grupo de turistas.... franceses!!!!!!!!

Na verdade, foi mesmo por estarem ali aqueles "frogs" (para quem "habita" do outro lado do Canal da Mancha) ou "francius" (na bela traducao para Portugues...) que comecamos com aquela disputa "imbecil" (humm, nao me lembrei desta antes, sera que conta?).

Ao principio ate parecia algo inocente, com paravras como "frape" para aqui, e "mousse" para ali.... mas acho que a certa altura os "sapos" (ou sera que serao "ras" na traducao literal?), dizia, nao sei ate que ponto perceberam a "profundidade" do nosso jogo intelectual, mas acho que quando se nos acabaram palavras como "soufle" e "bavaroise", e comecamos a dizer coisas lindas como "lingerie", e "menage" (olha..., acho que na altura ninguem se lembrou desta... mais uma!),, bem, nessa altura deve ter-se tornado mais ou menos obvio!

Quer dizer, "obvio" tratando-se de alguem que nao tivesse disfuncoes cerebrais muito graves... mas como neste caso estamos a falar de francius... [hehehehe], ainda por cima num "cafe-loja"... (acho que ja perceberam onde quero chegar).

Mas mais uma vez, o meu problema neste momento nao e se as "ras" (por favor, leiam o til que nao esta la, mais uma vez...) tinham reparado ou nao: o problema e que nos parece que perdemos a nocao da piada inicial do jogo, mais ou menos velada, e as tantas, ja os "frogs" tinham "bazee" (os dois "ee" reforcam a entoacao dada a falta de acentos...), e nos continuavamos sem nenhuma "souplesse" ou "finesse" a "desbobiner" estrangeirismos ("glacee"; "patee"; "rosee"...).

Aquilo continuou ate que o telefone tocou, e nos fomos de novo transportados para a nossa realidade: os copos de cerveja estavam vazios, o ambiente a volta estava "limpo", logo nao tinhamos mais nada que fazer naquele cafe-loja!

Metemo-nos a caminho em direccao ao centro da cidade, mas o inevitavel voltou a acontecer: como uma maldicao, bastou um cartaz, uma montra ou uma coincidencia, e la estavamos nos outra vez a disputar palavras como "maitre", "courgette", "baguette"... Aaaaaaaaiiiiiiiiiiiii!

Caramba! Para quem ja esteve em Franca, digam la se nao e verdade: mais irritante do que um frances, so mesmo um frances que nao se cala! "Sacrebleau!"

CC - The Flying Expat

Thursday, October 12, 2006

Ora sirva la mais um, fachavor...

Ora sirva la mais um, fachavor...

Nao foi bem assim, mas a verdade e que soube bem voltar a Portugal por uns instantes, e ainda por cima por uma das melhores causas: um casamento! E nao falo de um evento qualquer: foi um verdadeiro casamento lusitano!!! Com bom vinho e boa comida, na bela terra de Azeitao (o nome diz tudo, hein?)

Ah.. simm... e claro..., pois... o felizardo casal de noivos, que celebrou de uma forma alegre e sincera junto dos seus amigos e familiares (e eu!) HEHEHEHEEH.
Oops, nao levem a mal R & R, sem querer tirar importancia ao vosso dia, foi de facto um feliz regresso a patria. Aqui, se uma pessoa quiser beber e comer bem, tem de "abastecer" quando vai de viagem e trazer de volta na bagaem, que invevitavelmente fica a cheirar a chourico de porco preto... Ou entao ter que escolher um numero limitado da bela vinhaca, produto nacional, e voltar como se trouxesse uma crianca ao colo!

Claro que quando se cheira o chourico no assador, fazendo um brinde com o tintol, tudo compensa! E e tambem por isso e que a melhor coisa e poder disfrutar de tudo isso na origem!!!! E digo isto como um elogio, porque todas essas sensacoes estiveram presentes e mais uma: muita Amizade!

E verdade, R & R conseguiram juntar um grupo de verdadeiros Amigos a sua volta naquele dia, alguns dos quais ate se deram ao trabalho de contribuir com uma "sonata" aos noivos... O unico problema e que eu tambem fui "enrolado" na cantiga, mas nao me posso responsabilizar por eventuais danos que os 2 pombinhos ainda possam estar a sentir algures na Tailandia... HEHEHEH Enfim, nada que uns quantos Mai-Tai nao curem!

E isso faz-me lembrar uma das coisas que mais falta me faz nesta vida de "expatriado", a qual espero poder "trabalhar" o suficiente para manter: os AMIGOS!!!! VOCES!!!!!!

Ja tive a felicidade de receber os primeiros ca em "casa" (emprestada) e so espero que nao tenham sido os ultimos! O que quer dizer que estao abertas as marcacoes para o "Hotel M".

Da mesma forma, enquanto nao puder estar convosco "ai", espero que voces possam estar comigo "aqui", atraves dos vossos comentarios ou simples mensagens, por muito lamechas ou banais que possam parecer. Todas sao um sinal de que nao nos conhecemos por acaso, e que por alguma razao (espero que mesmo muito boa!) continuamos "ligados".

Tal como a R e o R: nada no sorriso deles transparecia outra coisa que nao fosse Felicidade... E a certeza de que se tinham encontrado para celebrarem juntos aquele momento numa soalheira tarde de Sabado. Tal como na musica, "E dia Azeitao, e de noite Paixao!".

Por isso, "ora sirva la mais um, fachavor...", seja uma bebida... ou uma Amizade Verdadeira!

Beijos e Abracos (em especial a R & R),

CC - The Flying Expat

Wednesday, October 11, 2006

Afinal, quem manda la em casa?


Afinal, quem manda la em casa?

Ola people! Hoje proponho-me um tema curioso, que me surgiu numa nao menos curiosa visita a uma "taberna" de "imigras" espanhois (notem o enfase nas duas palavras, uma vez que nao se tratava nem de "expats" e muito menos de um “restaurante”...)

Entrando, sente-se o primeiro impacto da figura de Cristo na cruz, qual mensagem de estarmos a chegar a um espaco de ferverosos sentimentos religiosos e de apreco (leiam apresso, por favor - isto dos assentos e uma chatice...) dizia, e de apreco pelos valores familiares que parecia encher a primeira sala. [1-0 para a dona da casa]

Continuando, chegamos a verdadeira "sala" de refeicoes da taberna, com musica hispanica de fundo (giro ao principio, um pouco irritante ao fim de 59 "Aiiiiii-Ai-Ai-Ai-Aiiiiiiiiii"... que nem a qualidade de um guitarrista tipo Paco de Lucia consegue disfarcar!)
Naquele "antro", que mais parecia um clube recreativo da "santa terrinha", notava-se logo a distinta presenca dos "verdadeiros" machos latinos (yeah, right...) sentados ao balcao, a beber cerveja (Heineken, por sinal... que tristeza!), se bem que ja se viam mais copos do que "beberroes" (para alguns a idade ja parecia pesar, e a bexiga entao nem se fala...).

Por detras do balcao, um volume da "Historia del Real Betis", orgulhosamente disposto na vitrine por debaixo dos conhaques e whiskeys. [1-1: o homem consegue impor um simbolo de peso, a bola!]

Ao funda da sala, estavam os nossos amigos numa divertida tertulia que a musica cigana... ham, desculpem, espanhola, nao conseguia abafar.
Uma vez que eles ja tinham escolhido o que queriam, e naquela "taberna" nao havia propriamente servico de "pedidos" a mesa, deslocamo-nos de novo a entrada do "nobre estabelecimento", onde pontificava a ja mencionada imagem da cruz.

Qual nao foi o nosso espanto quando, olhando para a "ementa" (8 linhas em espanhol, uma das quais ja riscada) vimos que, mesmo ao lado, "pontificava" um simbolo bastante diferente: um calendario do tipo Michelin, mas daqueles que se encontram normalmente nas oficinas de automoveis!
Ja se estao a aperceber do contraste com os valores de familia antes enunciados... [neste ponto, parece-me inconcebivel ter sido uma ideia da senhora de 50 e tal anos atras do balcao da cozinha, por isso 1-2: o homem da a volta ao resultado]

Mas ao contrario da situacao vivida no bar, em que o homem falava normalmente com os clientes, seja em espanhol, ou na lingua corrente, a senhora na cozinha nao parecia disposta a abdicar da “lengua madre”... E a maneira dela ou entao e passar fomeca... E tambem nao parece afectada com o facto de ter de passar pela "beldade" mecanica para apontar as (poucas) tapas disponiveis! So por isso, parece-me merecer um premio de honra, como quem diz: "ponham o que quiserem por ai, mas ou levam o que tenho (na cozinha, atencao!), ou deem meia-volta!".

Pondo de lado os simpaticos sentimentos que todos nos, lusitanos, temos em relacao aos "nuestros hermanos" (uma ova!), acho que afinal e ela quem manda naquele cantinho... [2-2: a mulher mostra de que massa e feita]

"Las bebidas en el bar, por favor" argumentou a mulher, ao que anui e me desloquei para o "altar" do Betis de Sevilha. Tendo de esperar que o homem da casa (venham ca falar de estabelecimentos familiares, hein?) re-enchesse os copos de 3 pessoas ao balcao e outros 3 copos de pessoas que nem sequer la estavam (por causa das tais "viagens" ao WC de que falava ha pouco...), nao pude deixar de reparar que o Futebol nao estava sozinho naquele "altar": um outro calendario "pontificava" (desculpem, mas gostei mesmo da palavra), qual "incentivo" a descoberta da data em que cada um se encontrava, independentemente do nivel de alcool no sangue...
De qualquer maneira, acho que quase ninguem que ali estava ja tinha reparado nas letras e numeros de baixo da fotografia: deviam achar que era defeito de fabrico... [2-3: no coment]

"2 birras, por favor"; "2 con 40"; "gracias"... de facto somos muito amaveis... as vezes demais!
Depois da devida espera, la chegou a nossa "encomenda", faltando ainda uma das tres iguarias pedidas: "ja no tiengo calamares" disse como quem diz "azar, dei a outros gajos... querem outra coisa?"
Tive de ir novamente assistir ao choque de titas (leiam "titans" por favor!!!), na sala da entrada: Religiao v.s. Tentacao (o que e que queriam que eu dissesse?!).

Jesus Cristo foi cruxificado pelos nossos pecados, o que nunca e demais lembrar... e logo entao, a menos de 3 metros, uma reminiscencia de um hipotetico pecado! Nao deixa de parecer algo poetico... quer dizer, de uma forma muuuuiiiito figurativa, claro esta.

Escolhida practicamente a unica alternativa na ementa (e olhando EXCLUSIVAMENTE para a ementa), voltei ao meu lugar para apreciar algumas finas interpretacoes de musica brasileira, principalmente bossa nova (finalmente tinham acabado com a musica espanhola... parece que afinal, ate os espanhois percebem que aquilo as vezes se torna um pouquito repetitivo! - "Ai-Ai-Ai-Ai"). "Ai" os meus ouvidos!

Foi uma tarde agradavel, os "boquerones" (ou "peixinhos da horta") estavam uma delicia, e a musica embalou-nos pelos jarros de cerveja que foram chegando.
Chegada a altura do grupo "transitar" para outro palco de festa, percebemos que tinhamos de pagar pelas iguarias que nos foram servidas naquele "pitoresco" estabelecimento (que, ja agora, ficava escondido atras de uma viela, num parque de estacionamento de terra, passando por um arco e um jardim/selva interior de um quarteirao numa rua secundaria de um cidade quase deserta...).

Fomos entao direccionados para a cozinha onde, depois de esclarecido qual o correcto "papelinho" a impingir com a nossa conta (sera que estes gajos nunca ouviram falar em facturas ou maquinas registadoras? ciganos...), foi esclarecedor o facto de ser a propria "cozinheira" quem cobrava os montantes.
Nada de confusoes, que su hombre se queda por el bar... [3-3: a responsabilidade pelo dinheiro merece destaque nos paises latinos!]

Assim chegou ao fim a nossa tarde de tapas e boa disposicao…
Quanto a pergunta a que me propus responder, acho que ficamos por um respeitavel (e diplomatico!) empate tecnico que se calhar ja muitos estavam a espera... mas provavelmente com o qual muitos nao concordam!

Os digo lo mismo: cada uno en su sitio! Que e como quem diz: cada macaco no seu galho, ou neste caso, que cada um manda a sua maneira. E se as vezes parece que nao manda, e porque se calhar e mesmo “quem mais ordena”!
Vejam la se o "muxacho", apesar de espalhar os simbolos da sua "devocao" pela "casa", nao tem de ir pedir o dinheiro da caixa a mulher ao fim do dia...

E mais nao digo...

Abracos e beijinhos a quem de direito,

CC, the Flying Expat

Quem nao quer...


Quem nao quer...


"M" e confortavel, mas de vez em quando apetece procurar algo... bom... diferente...
Tomei a liberdade de sair... e visitar uma cidade verdadeiramente "cosmopolita", onde os gostos sao variados e todos eles aceites, onde a tradicao se mistura com o vanguardismo e, o mais importante de tudo, as mulheres apresentam-se disponiveis em montras ladeadas por uma luz vermelha, qual filosofia de "take away" que nem os americanos conseguem imitar.

Ja adivinharam? Nao, nao e o Colombo! (caramba, isso nem sequer e uma cidade...)
Fui a Amesterdao, a cidade para onde os "nossos" judeus fugiram quando os portugueses comecaram a aderir as tacticas da inquisicao espanhola (leia-se "espanhola", pois nos apenas eramos um povo credulo e deixamo-nos levar por essas ideias; normalmente nunca teriamos esse tipo de atitude, que o digam os turistas/hooligans britanicos no Algarve durante o EURO 2004: nos somos do mais hospitaleiro que ha!...).


Enfim, o que e certo e que foi para ai que os judeus convergiram a dada altura, de maneira a nao terem de se preocupar com perseguicoes religiosas e, principalmente, invejas financeiras (sim, como se a principal preocupacao da Igreja na altura fosse a religiao...)
E vejam no que deu: Amesterdao evoluiu para se tornar inclusive no ponto de partida de uma nova comunidade europeia no "Novo Mundo" a ocidente, a cidade de "Nova Amesterdao" no outro lado do Atlantico.
Enquanto isso, nos hoje ainda estamos a tentar perceber o que aconteceu com a obra do tunel do Metro do Terreiro do Paco.
Ou, mais intrigante ainda, porque razao chamam de "Metro" aquele "electrico rapido" que circula na zona metropolitana do Porto (sera que e so para reforcar o conceito de "Metro-Polis", ou na traducao cientifica e livre dos estudiosos, "cidade-que tem-Metro-nem-que-seja-de-superficie"?!?!).

Bem, mas ja me estou a desviar do proposito original: Amesterdao!
Para muitos, esta e a verdadeira "terra prometida", incluindo o ja mencionado "sexo prometido" e a nao menos iconica "besana prometida". Tudo isto ao estilo "self-service" que e como quem diz, nao e "all you can eat" (conceito americano que tende a abafar a qualidade do que esta em causa em favor da grosseira quantidade oferecida) mas sim um elegante e europeu "all you can taste", apelando a finura dos sentidos e a liberdade de escolha e expressao atraves da passa...

E com uma mais-valia adicional, fruto da democracia reinante neste evoluido canto da Europa: olhar nao custa! Alias, no aspecto financeiro a "pratica" em questao serve mais de "cartaz" do que "bandeja" de receita do chamado "fruto proibido" (desculpem...zzz...zzz...mais esta curta incursao...zzz...zzz...pelo panorama religioso ...aazzz...azzz).
Mais uma prova do desprentensiosismo dos holandeses em geral, e das raparigas "envidracadas" em particular: quem quer faz, e quem nao quer, ve!

Entrei numa "coffeshop", pelo facto de estar a chover a cantaros (parece-me que isso ja foi tema outro dia, nao?), e pedi uma cerveja. Em situacao normal, seria coisa de "Homem": bar = cerveja.
No entanto, ao fim de alguns minutos senti-me trespassado por alguns olhares inquisidores, do estilo "entao, so isso? mais nada? nao contribuis para o bem estar geral?"

Entao apercebi-me: nao era o unico a beber cerveja (ou cola, agua, whatever...), mas toda a gente que entrava, 30 segundos depois de pedir uma bebida ja revolvia nos bolsos a procura de um "saquito" de plastico mui piqueno, cheio de ervas (nao, niguem ia misturar cha com cerveja, e tambem nao me refiro a um qualquer tempero que os holandeses tenham inventado, nos entretantos, porque nisso ainda se pode dizer que nos somos superiores e eles, do alto do seu 1 metro e 90 cm de media, nao nos conseguem imitar...).
Falo do "outro" tipo de erva, aquela que e ilegal em alguns poucos estados do mundo: "so" a maioria dos auto-proclamados paises "desenvolvidos" e "civilizados", se calhar a maioria dos quais tem mais preocupacoes com o PIB, o crescimento da economia e o rendt. per capita do que os "Paises Baixos" (e se calhar tambem e por isso que lhas chamam assim, por considerarem que eles "jogam sujo, baixo" ao permitir toda esta leviandade e a ganhar dinheiro com isso... la esta a agilidade de pensamento financeiro e pratico de que podem ter beneficiado com a fixacao dos judeus!).

Ainda assim, devo dizer que nao recebi olhares de censura, por nao contribuir para o "bem-estar" comum que se sentia (e cheirava) naquele bar. Simplesmente uma expectativa legitima, daqueles que, quase alternadamente, davam o seu humilde contributo para fazer crescer a nuvem espessa que pairava sobre as cabecas de todos e cada um.
Senti verdadeiramente vontade de contribuir, nao pela gula, lascivia, ou qualquer um dos outros pecados mortais que poderiam pender sobre mim, simples mortal: mas por achar que tinham razao, aquelas pessoas momentaneamente livres, despreocupadas e, acima de tudo, generosas no seu "bafo-de-passa". ..

Mas nao!
Limitei-me a seguir a premissa ja antes mencionada: quem quer fuma, quem nao quer cheira!
Oh, que chatice!

Abracos e beijinhos a quem de direito,

CC, the Flying Expat

Definitelly... expat!


Definitelly... expat!

Pois e... Nada como regressar ao "exilio", depois de uma curta visita, para logo a seguir sentir as saudades daquilo que e tao tipicamente nosso: o "dolce fare niente"!
Sim, porque nem sequer foram os italianos que inventaram a expressao; foi um mui laborioso e viajado mercador portugues, algures de permeio entre os sec. 15-16, que no decurso de uma transacao comercial de tecidos por especiarias, com alguns camelos a mistura, olhou para o "camelo" que lhe cobrava portagem em Genova e desabafou como apenas um escravo do emaranhado sistema fiscal o podia fazer... parecia futurologia!

Enfim, era precisamente nao fazer nada e viver dos rendimentos que me apetecia, apos uma visita as praias de Portugal. Mais ainda depois de ter visto chover 23 gatos e 39 caes, bem como 7 canivetes (que nao devem ter dado sorte nehuma a quem os "apanhou"...) a chegada ao meu destino final: "M".
Tentei iludir os meu sentidos, respirando fundo por ainda ter televisao na sala e peugas no quarto (a gente nunca sabe quem anda por ai, nem que coisas "preciosas" sao capazes de nos levar...). Mas logo um espirro me trouxe de volta a realidade: um ceu cinzento, que so nao estava mais carregadinho de agua porque boa parte ja me tinha encharcado a camisola de manga curta (mal habituado) e os sapatos (felizmente nao eram sandalias!).

Se fosse uma planta, era capaz de ter crescido quase de imediato: depois dos banhos de SOL e da "bullshit" acumulada na loja do cidadao (nao podia dizer aquilo em "bom portugues", peco desculpa...), so faltava esta "rega natural" para criar raizes na patria emprestada.
Nao se pode ter tudo, e logo me lembrei que para ja tambem nao podia aderir ao "dolce fare niente", senao nem sequer teria "rendimentos" para "viver" a proxima viagem de aviao de volta a terra natal (nao costumam escrever isso com letra maiuscula, pois nao? senao ja parecia mais coisa de emigrante do que de ex-patriado... nada de confusoes!).

De volta ao "M", e consequentemente ao meu momento sofa-tv-relax, fiz uma retrospectiva das curtas ferias e uma antevisao do negro (ou cinzento) futuro que se me depara antes da troca dos presentes de Natal (agora sim com maiuscula!).
Assim me chegaram as saudades, nao so da praia e da ronha, mas principalmente da familia e dos amigos, com que (normalmente) podemos contar no final de um dia de trabalho (pelos padroes portugueses, umas boas 3 horas incluindo hora e meia de almoco...) para desabafar e ganhar coragem para o dia seguinte.

E ainda pior fiquei ao aperceber-me da inevitabilidade de ter de ir trabalhar no dia seguinte (desta feita cerca de 8 horas, excluindo meia hora de sandes...), falando uma lingua estrangeira que, nao sendo estranha, nao nos deixa chegar a expressoes profundas como "chica" (leia-se "chissa", a falta de cedilhas) ou "com o camandro, que e esta m... ?" (mais uma vez, "bullshit" nao e a mesma coisa; para alem disso, nao sei se ja repararam, mas tambem nao tenho assentos no teclado, por isso tenham paciencia e tentem seguir o raciocinio).
Engracado... Nos, os ex-patriados, quando vemos aproximar as ferias temos uma falsa sensacao de regresso, mas assim que elas acabam percebemos que apenas estavamos a adiar a aceitacao de uma realidade que nunca deixou de a nossa: estar indefinidamente (independentemente do que disser o contrato de trabalho) "emprestados" a outro pais, cultura e costumes, os quais passamos o tempo todo a criticar e a comparar com os nossos de origem, mas com os quais convivemos diariamente e inconscientemente tentamos adaptar e "copiar", so para nos sentirmos "normais" ao fim do dia.

Bem, quando as expressoes "profundas" e "sentimentaloides" aparecem, e sinal de que esta na hora de encerrar a conversa e ganhar coragem para o dia seguinte (ciente da vossa presenca no "lado de la" do ecra, para dar corpo ao meu desabafo...).
Venham novas aventuras por estes lados, e eu as passarei ao teclado para as partilhar convosco.

Abracos e Beijos a quem de direito.

CC, the Flying Expat