Wednesday, October 11, 2006

Quem nao quer...


Quem nao quer...


"M" e confortavel, mas de vez em quando apetece procurar algo... bom... diferente...
Tomei a liberdade de sair... e visitar uma cidade verdadeiramente "cosmopolita", onde os gostos sao variados e todos eles aceites, onde a tradicao se mistura com o vanguardismo e, o mais importante de tudo, as mulheres apresentam-se disponiveis em montras ladeadas por uma luz vermelha, qual filosofia de "take away" que nem os americanos conseguem imitar.

Ja adivinharam? Nao, nao e o Colombo! (caramba, isso nem sequer e uma cidade...)
Fui a Amesterdao, a cidade para onde os "nossos" judeus fugiram quando os portugueses comecaram a aderir as tacticas da inquisicao espanhola (leia-se "espanhola", pois nos apenas eramos um povo credulo e deixamo-nos levar por essas ideias; normalmente nunca teriamos esse tipo de atitude, que o digam os turistas/hooligans britanicos no Algarve durante o EURO 2004: nos somos do mais hospitaleiro que ha!...).


Enfim, o que e certo e que foi para ai que os judeus convergiram a dada altura, de maneira a nao terem de se preocupar com perseguicoes religiosas e, principalmente, invejas financeiras (sim, como se a principal preocupacao da Igreja na altura fosse a religiao...)
E vejam no que deu: Amesterdao evoluiu para se tornar inclusive no ponto de partida de uma nova comunidade europeia no "Novo Mundo" a ocidente, a cidade de "Nova Amesterdao" no outro lado do Atlantico.
Enquanto isso, nos hoje ainda estamos a tentar perceber o que aconteceu com a obra do tunel do Metro do Terreiro do Paco.
Ou, mais intrigante ainda, porque razao chamam de "Metro" aquele "electrico rapido" que circula na zona metropolitana do Porto (sera que e so para reforcar o conceito de "Metro-Polis", ou na traducao cientifica e livre dos estudiosos, "cidade-que tem-Metro-nem-que-seja-de-superficie"?!?!).

Bem, mas ja me estou a desviar do proposito original: Amesterdao!
Para muitos, esta e a verdadeira "terra prometida", incluindo o ja mencionado "sexo prometido" e a nao menos iconica "besana prometida". Tudo isto ao estilo "self-service" que e como quem diz, nao e "all you can eat" (conceito americano que tende a abafar a qualidade do que esta em causa em favor da grosseira quantidade oferecida) mas sim um elegante e europeu "all you can taste", apelando a finura dos sentidos e a liberdade de escolha e expressao atraves da passa...

E com uma mais-valia adicional, fruto da democracia reinante neste evoluido canto da Europa: olhar nao custa! Alias, no aspecto financeiro a "pratica" em questao serve mais de "cartaz" do que "bandeja" de receita do chamado "fruto proibido" (desculpem...zzz...zzz...mais esta curta incursao...zzz...zzz...pelo panorama religioso ...aazzz...azzz).
Mais uma prova do desprentensiosismo dos holandeses em geral, e das raparigas "envidracadas" em particular: quem quer faz, e quem nao quer, ve!

Entrei numa "coffeshop", pelo facto de estar a chover a cantaros (parece-me que isso ja foi tema outro dia, nao?), e pedi uma cerveja. Em situacao normal, seria coisa de "Homem": bar = cerveja.
No entanto, ao fim de alguns minutos senti-me trespassado por alguns olhares inquisidores, do estilo "entao, so isso? mais nada? nao contribuis para o bem estar geral?"

Entao apercebi-me: nao era o unico a beber cerveja (ou cola, agua, whatever...), mas toda a gente que entrava, 30 segundos depois de pedir uma bebida ja revolvia nos bolsos a procura de um "saquito" de plastico mui piqueno, cheio de ervas (nao, niguem ia misturar cha com cerveja, e tambem nao me refiro a um qualquer tempero que os holandeses tenham inventado, nos entretantos, porque nisso ainda se pode dizer que nos somos superiores e eles, do alto do seu 1 metro e 90 cm de media, nao nos conseguem imitar...).
Falo do "outro" tipo de erva, aquela que e ilegal em alguns poucos estados do mundo: "so" a maioria dos auto-proclamados paises "desenvolvidos" e "civilizados", se calhar a maioria dos quais tem mais preocupacoes com o PIB, o crescimento da economia e o rendt. per capita do que os "Paises Baixos" (e se calhar tambem e por isso que lhas chamam assim, por considerarem que eles "jogam sujo, baixo" ao permitir toda esta leviandade e a ganhar dinheiro com isso... la esta a agilidade de pensamento financeiro e pratico de que podem ter beneficiado com a fixacao dos judeus!).

Ainda assim, devo dizer que nao recebi olhares de censura, por nao contribuir para o "bem-estar" comum que se sentia (e cheirava) naquele bar. Simplesmente uma expectativa legitima, daqueles que, quase alternadamente, davam o seu humilde contributo para fazer crescer a nuvem espessa que pairava sobre as cabecas de todos e cada um.
Senti verdadeiramente vontade de contribuir, nao pela gula, lascivia, ou qualquer um dos outros pecados mortais que poderiam pender sobre mim, simples mortal: mas por achar que tinham razao, aquelas pessoas momentaneamente livres, despreocupadas e, acima de tudo, generosas no seu "bafo-de-passa". ..

Mas nao!
Limitei-me a seguir a premissa ja antes mencionada: quem quer fuma, quem nao quer cheira!
Oh, que chatice!

Abracos e beijinhos a quem de direito,

CC, the Flying Expat

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