Wednesday, October 11, 2006

Definitelly... expat!


Definitelly... expat!

Pois e... Nada como regressar ao "exilio", depois de uma curta visita, para logo a seguir sentir as saudades daquilo que e tao tipicamente nosso: o "dolce fare niente"!
Sim, porque nem sequer foram os italianos que inventaram a expressao; foi um mui laborioso e viajado mercador portugues, algures de permeio entre os sec. 15-16, que no decurso de uma transacao comercial de tecidos por especiarias, com alguns camelos a mistura, olhou para o "camelo" que lhe cobrava portagem em Genova e desabafou como apenas um escravo do emaranhado sistema fiscal o podia fazer... parecia futurologia!

Enfim, era precisamente nao fazer nada e viver dos rendimentos que me apetecia, apos uma visita as praias de Portugal. Mais ainda depois de ter visto chover 23 gatos e 39 caes, bem como 7 canivetes (que nao devem ter dado sorte nehuma a quem os "apanhou"...) a chegada ao meu destino final: "M".
Tentei iludir os meu sentidos, respirando fundo por ainda ter televisao na sala e peugas no quarto (a gente nunca sabe quem anda por ai, nem que coisas "preciosas" sao capazes de nos levar...). Mas logo um espirro me trouxe de volta a realidade: um ceu cinzento, que so nao estava mais carregadinho de agua porque boa parte ja me tinha encharcado a camisola de manga curta (mal habituado) e os sapatos (felizmente nao eram sandalias!).

Se fosse uma planta, era capaz de ter crescido quase de imediato: depois dos banhos de SOL e da "bullshit" acumulada na loja do cidadao (nao podia dizer aquilo em "bom portugues", peco desculpa...), so faltava esta "rega natural" para criar raizes na patria emprestada.
Nao se pode ter tudo, e logo me lembrei que para ja tambem nao podia aderir ao "dolce fare niente", senao nem sequer teria "rendimentos" para "viver" a proxima viagem de aviao de volta a terra natal (nao costumam escrever isso com letra maiuscula, pois nao? senao ja parecia mais coisa de emigrante do que de ex-patriado... nada de confusoes!).

De volta ao "M", e consequentemente ao meu momento sofa-tv-relax, fiz uma retrospectiva das curtas ferias e uma antevisao do negro (ou cinzento) futuro que se me depara antes da troca dos presentes de Natal (agora sim com maiuscula!).
Assim me chegaram as saudades, nao so da praia e da ronha, mas principalmente da familia e dos amigos, com que (normalmente) podemos contar no final de um dia de trabalho (pelos padroes portugueses, umas boas 3 horas incluindo hora e meia de almoco...) para desabafar e ganhar coragem para o dia seguinte.

E ainda pior fiquei ao aperceber-me da inevitabilidade de ter de ir trabalhar no dia seguinte (desta feita cerca de 8 horas, excluindo meia hora de sandes...), falando uma lingua estrangeira que, nao sendo estranha, nao nos deixa chegar a expressoes profundas como "chica" (leia-se "chissa", a falta de cedilhas) ou "com o camandro, que e esta m... ?" (mais uma vez, "bullshit" nao e a mesma coisa; para alem disso, nao sei se ja repararam, mas tambem nao tenho assentos no teclado, por isso tenham paciencia e tentem seguir o raciocinio).
Engracado... Nos, os ex-patriados, quando vemos aproximar as ferias temos uma falsa sensacao de regresso, mas assim que elas acabam percebemos que apenas estavamos a adiar a aceitacao de uma realidade que nunca deixou de a nossa: estar indefinidamente (independentemente do que disser o contrato de trabalho) "emprestados" a outro pais, cultura e costumes, os quais passamos o tempo todo a criticar e a comparar com os nossos de origem, mas com os quais convivemos diariamente e inconscientemente tentamos adaptar e "copiar", so para nos sentirmos "normais" ao fim do dia.

Bem, quando as expressoes "profundas" e "sentimentaloides" aparecem, e sinal de que esta na hora de encerrar a conversa e ganhar coragem para o dia seguinte (ciente da vossa presenca no "lado de la" do ecra, para dar corpo ao meu desabafo...).
Venham novas aventuras por estes lados, e eu as passarei ao teclado para as partilhar convosco.

Abracos e Beijos a quem de direito.

CC, the Flying Expat

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