Monday, October 23, 2006

Quelle Finesse!



'Quelle Finesse! Pois e, isto de um gajo ser (ou estar) expatriado tem coisas do arco da velha: a distancia da Patria e Lingua maternas leva por vezes a uma alienacao tal, que nos desabituamos de tal forma de falar Portugues, que quando temos oportunidade de o voltar a fazer... so dizemos disparates!!!!

Nao, nao estou a falar de gramatica (nao estou longe assim ha tanto tempo!!!!). Falo do simples uso da lingua.
No passado fim-de-semana, com a companhia de uma visita especial ao "Hotel M", tive o prazer de servir de "guia" pelas redondezas...
Independentemente da bebida e de outras coisas (isso agora tambem nao interessa nada... pouco!!!), dizia, independentemente de mil coisas malucas que andaram por ai a espreita, a rondar e tal ("ah e tal, nao..."), demos por nos a "assassiner" uma lingua "estrangeira".

Nao ha nada que desculpe a alucinacao que nos levou a descer tao baixo: em pleno "cafe-loja" demos por nos a fazer um concurso de palavras..... "francesas"!!!!!!

Da para acreditar?

E nao foi so uma ou duas: estivemos uma boa meia-hora naquilo!
Claro que a "piece de resistance" vem a seguir: nos nao eramos os unicos estrangeiros naquele "cafe-loja", pois mesmo ao nosso lado estava um grupo de turistas.... franceses!!!!!!!!

Na verdade, foi mesmo por estarem ali aqueles "frogs" (para quem "habita" do outro lado do Canal da Mancha) ou "francius" (na bela traducao para Portugues...) que comecamos com aquela disputa "imbecil" (humm, nao me lembrei desta antes, sera que conta?).

Ao principio ate parecia algo inocente, com paravras como "frape" para aqui, e "mousse" para ali.... mas acho que a certa altura os "sapos" (ou sera que serao "ras" na traducao literal?), dizia, nao sei ate que ponto perceberam a "profundidade" do nosso jogo intelectual, mas acho que quando se nos acabaram palavras como "soufle" e "bavaroise", e comecamos a dizer coisas lindas como "lingerie", e "menage" (olha..., acho que na altura ninguem se lembrou desta... mais uma!),, bem, nessa altura deve ter-se tornado mais ou menos obvio!

Quer dizer, "obvio" tratando-se de alguem que nao tivesse disfuncoes cerebrais muito graves... mas como neste caso estamos a falar de francius... [hehehehe], ainda por cima num "cafe-loja"... (acho que ja perceberam onde quero chegar).

Mas mais uma vez, o meu problema neste momento nao e se as "ras" (por favor, leiam o til que nao esta la, mais uma vez...) tinham reparado ou nao: o problema e que nos parece que perdemos a nocao da piada inicial do jogo, mais ou menos velada, e as tantas, ja os "frogs" tinham "bazee" (os dois "ee" reforcam a entoacao dada a falta de acentos...), e nos continuavamos sem nenhuma "souplesse" ou "finesse" a "desbobiner" estrangeirismos ("glacee"; "patee"; "rosee"...).

Aquilo continuou ate que o telefone tocou, e nos fomos de novo transportados para a nossa realidade: os copos de cerveja estavam vazios, o ambiente a volta estava "limpo", logo nao tinhamos mais nada que fazer naquele cafe-loja!

Metemo-nos a caminho em direccao ao centro da cidade, mas o inevitavel voltou a acontecer: como uma maldicao, bastou um cartaz, uma montra ou uma coincidencia, e la estavamos nos outra vez a disputar palavras como "maitre", "courgette", "baguette"... Aaaaaaaaiiiiiiiiiiiii!

Caramba! Para quem ja esteve em Franca, digam la se nao e verdade: mais irritante do que um frances, so mesmo um frances que nao se cala! "Sacrebleau!"

CC - The Flying Expat

Thursday, October 12, 2006

Ora sirva la mais um, fachavor...

Ora sirva la mais um, fachavor...

Nao foi bem assim, mas a verdade e que soube bem voltar a Portugal por uns instantes, e ainda por cima por uma das melhores causas: um casamento! E nao falo de um evento qualquer: foi um verdadeiro casamento lusitano!!! Com bom vinho e boa comida, na bela terra de Azeitao (o nome diz tudo, hein?)

Ah.. simm... e claro..., pois... o felizardo casal de noivos, que celebrou de uma forma alegre e sincera junto dos seus amigos e familiares (e eu!) HEHEHEHEEH.
Oops, nao levem a mal R & R, sem querer tirar importancia ao vosso dia, foi de facto um feliz regresso a patria. Aqui, se uma pessoa quiser beber e comer bem, tem de "abastecer" quando vai de viagem e trazer de volta na bagaem, que invevitavelmente fica a cheirar a chourico de porco preto... Ou entao ter que escolher um numero limitado da bela vinhaca, produto nacional, e voltar como se trouxesse uma crianca ao colo!

Claro que quando se cheira o chourico no assador, fazendo um brinde com o tintol, tudo compensa! E e tambem por isso e que a melhor coisa e poder disfrutar de tudo isso na origem!!!! E digo isto como um elogio, porque todas essas sensacoes estiveram presentes e mais uma: muita Amizade!

E verdade, R & R conseguiram juntar um grupo de verdadeiros Amigos a sua volta naquele dia, alguns dos quais ate se deram ao trabalho de contribuir com uma "sonata" aos noivos... O unico problema e que eu tambem fui "enrolado" na cantiga, mas nao me posso responsabilizar por eventuais danos que os 2 pombinhos ainda possam estar a sentir algures na Tailandia... HEHEHEH Enfim, nada que uns quantos Mai-Tai nao curem!

E isso faz-me lembrar uma das coisas que mais falta me faz nesta vida de "expatriado", a qual espero poder "trabalhar" o suficiente para manter: os AMIGOS!!!! VOCES!!!!!!

Ja tive a felicidade de receber os primeiros ca em "casa" (emprestada) e so espero que nao tenham sido os ultimos! O que quer dizer que estao abertas as marcacoes para o "Hotel M".

Da mesma forma, enquanto nao puder estar convosco "ai", espero que voces possam estar comigo "aqui", atraves dos vossos comentarios ou simples mensagens, por muito lamechas ou banais que possam parecer. Todas sao um sinal de que nao nos conhecemos por acaso, e que por alguma razao (espero que mesmo muito boa!) continuamos "ligados".

Tal como a R e o R: nada no sorriso deles transparecia outra coisa que nao fosse Felicidade... E a certeza de que se tinham encontrado para celebrarem juntos aquele momento numa soalheira tarde de Sabado. Tal como na musica, "E dia Azeitao, e de noite Paixao!".

Por isso, "ora sirva la mais um, fachavor...", seja uma bebida... ou uma Amizade Verdadeira!

Beijos e Abracos (em especial a R & R),

CC - The Flying Expat

Wednesday, October 11, 2006

Afinal, quem manda la em casa?


Afinal, quem manda la em casa?

Ola people! Hoje proponho-me um tema curioso, que me surgiu numa nao menos curiosa visita a uma "taberna" de "imigras" espanhois (notem o enfase nas duas palavras, uma vez que nao se tratava nem de "expats" e muito menos de um “restaurante”...)

Entrando, sente-se o primeiro impacto da figura de Cristo na cruz, qual mensagem de estarmos a chegar a um espaco de ferverosos sentimentos religiosos e de apreco (leiam apresso, por favor - isto dos assentos e uma chatice...) dizia, e de apreco pelos valores familiares que parecia encher a primeira sala. [1-0 para a dona da casa]

Continuando, chegamos a verdadeira "sala" de refeicoes da taberna, com musica hispanica de fundo (giro ao principio, um pouco irritante ao fim de 59 "Aiiiiii-Ai-Ai-Ai-Aiiiiiiiiii"... que nem a qualidade de um guitarrista tipo Paco de Lucia consegue disfarcar!)
Naquele "antro", que mais parecia um clube recreativo da "santa terrinha", notava-se logo a distinta presenca dos "verdadeiros" machos latinos (yeah, right...) sentados ao balcao, a beber cerveja (Heineken, por sinal... que tristeza!), se bem que ja se viam mais copos do que "beberroes" (para alguns a idade ja parecia pesar, e a bexiga entao nem se fala...).

Por detras do balcao, um volume da "Historia del Real Betis", orgulhosamente disposto na vitrine por debaixo dos conhaques e whiskeys. [1-1: o homem consegue impor um simbolo de peso, a bola!]

Ao funda da sala, estavam os nossos amigos numa divertida tertulia que a musica cigana... ham, desculpem, espanhola, nao conseguia abafar.
Uma vez que eles ja tinham escolhido o que queriam, e naquela "taberna" nao havia propriamente servico de "pedidos" a mesa, deslocamo-nos de novo a entrada do "nobre estabelecimento", onde pontificava a ja mencionada imagem da cruz.

Qual nao foi o nosso espanto quando, olhando para a "ementa" (8 linhas em espanhol, uma das quais ja riscada) vimos que, mesmo ao lado, "pontificava" um simbolo bastante diferente: um calendario do tipo Michelin, mas daqueles que se encontram normalmente nas oficinas de automoveis!
Ja se estao a aperceber do contraste com os valores de familia antes enunciados... [neste ponto, parece-me inconcebivel ter sido uma ideia da senhora de 50 e tal anos atras do balcao da cozinha, por isso 1-2: o homem da a volta ao resultado]

Mas ao contrario da situacao vivida no bar, em que o homem falava normalmente com os clientes, seja em espanhol, ou na lingua corrente, a senhora na cozinha nao parecia disposta a abdicar da “lengua madre”... E a maneira dela ou entao e passar fomeca... E tambem nao parece afectada com o facto de ter de passar pela "beldade" mecanica para apontar as (poucas) tapas disponiveis! So por isso, parece-me merecer um premio de honra, como quem diz: "ponham o que quiserem por ai, mas ou levam o que tenho (na cozinha, atencao!), ou deem meia-volta!".

Pondo de lado os simpaticos sentimentos que todos nos, lusitanos, temos em relacao aos "nuestros hermanos" (uma ova!), acho que afinal e ela quem manda naquele cantinho... [2-2: a mulher mostra de que massa e feita]

"Las bebidas en el bar, por favor" argumentou a mulher, ao que anui e me desloquei para o "altar" do Betis de Sevilha. Tendo de esperar que o homem da casa (venham ca falar de estabelecimentos familiares, hein?) re-enchesse os copos de 3 pessoas ao balcao e outros 3 copos de pessoas que nem sequer la estavam (por causa das tais "viagens" ao WC de que falava ha pouco...), nao pude deixar de reparar que o Futebol nao estava sozinho naquele "altar": um outro calendario "pontificava" (desculpem, mas gostei mesmo da palavra), qual "incentivo" a descoberta da data em que cada um se encontrava, independentemente do nivel de alcool no sangue...
De qualquer maneira, acho que quase ninguem que ali estava ja tinha reparado nas letras e numeros de baixo da fotografia: deviam achar que era defeito de fabrico... [2-3: no coment]

"2 birras, por favor"; "2 con 40"; "gracias"... de facto somos muito amaveis... as vezes demais!
Depois da devida espera, la chegou a nossa "encomenda", faltando ainda uma das tres iguarias pedidas: "ja no tiengo calamares" disse como quem diz "azar, dei a outros gajos... querem outra coisa?"
Tive de ir novamente assistir ao choque de titas (leiam "titans" por favor!!!), na sala da entrada: Religiao v.s. Tentacao (o que e que queriam que eu dissesse?!).

Jesus Cristo foi cruxificado pelos nossos pecados, o que nunca e demais lembrar... e logo entao, a menos de 3 metros, uma reminiscencia de um hipotetico pecado! Nao deixa de parecer algo poetico... quer dizer, de uma forma muuuuiiiito figurativa, claro esta.

Escolhida practicamente a unica alternativa na ementa (e olhando EXCLUSIVAMENTE para a ementa), voltei ao meu lugar para apreciar algumas finas interpretacoes de musica brasileira, principalmente bossa nova (finalmente tinham acabado com a musica espanhola... parece que afinal, ate os espanhois percebem que aquilo as vezes se torna um pouquito repetitivo! - "Ai-Ai-Ai-Ai"). "Ai" os meus ouvidos!

Foi uma tarde agradavel, os "boquerones" (ou "peixinhos da horta") estavam uma delicia, e a musica embalou-nos pelos jarros de cerveja que foram chegando.
Chegada a altura do grupo "transitar" para outro palco de festa, percebemos que tinhamos de pagar pelas iguarias que nos foram servidas naquele "pitoresco" estabelecimento (que, ja agora, ficava escondido atras de uma viela, num parque de estacionamento de terra, passando por um arco e um jardim/selva interior de um quarteirao numa rua secundaria de um cidade quase deserta...).

Fomos entao direccionados para a cozinha onde, depois de esclarecido qual o correcto "papelinho" a impingir com a nossa conta (sera que estes gajos nunca ouviram falar em facturas ou maquinas registadoras? ciganos...), foi esclarecedor o facto de ser a propria "cozinheira" quem cobrava os montantes.
Nada de confusoes, que su hombre se queda por el bar... [3-3: a responsabilidade pelo dinheiro merece destaque nos paises latinos!]

Assim chegou ao fim a nossa tarde de tapas e boa disposicao…
Quanto a pergunta a que me propus responder, acho que ficamos por um respeitavel (e diplomatico!) empate tecnico que se calhar ja muitos estavam a espera... mas provavelmente com o qual muitos nao concordam!

Os digo lo mismo: cada uno en su sitio! Que e como quem diz: cada macaco no seu galho, ou neste caso, que cada um manda a sua maneira. E se as vezes parece que nao manda, e porque se calhar e mesmo “quem mais ordena”!
Vejam la se o "muxacho", apesar de espalhar os simbolos da sua "devocao" pela "casa", nao tem de ir pedir o dinheiro da caixa a mulher ao fim do dia...

E mais nao digo...

Abracos e beijinhos a quem de direito,

CC, the Flying Expat

Quem nao quer...


Quem nao quer...


"M" e confortavel, mas de vez em quando apetece procurar algo... bom... diferente...
Tomei a liberdade de sair... e visitar uma cidade verdadeiramente "cosmopolita", onde os gostos sao variados e todos eles aceites, onde a tradicao se mistura com o vanguardismo e, o mais importante de tudo, as mulheres apresentam-se disponiveis em montras ladeadas por uma luz vermelha, qual filosofia de "take away" que nem os americanos conseguem imitar.

Ja adivinharam? Nao, nao e o Colombo! (caramba, isso nem sequer e uma cidade...)
Fui a Amesterdao, a cidade para onde os "nossos" judeus fugiram quando os portugueses comecaram a aderir as tacticas da inquisicao espanhola (leia-se "espanhola", pois nos apenas eramos um povo credulo e deixamo-nos levar por essas ideias; normalmente nunca teriamos esse tipo de atitude, que o digam os turistas/hooligans britanicos no Algarve durante o EURO 2004: nos somos do mais hospitaleiro que ha!...).


Enfim, o que e certo e que foi para ai que os judeus convergiram a dada altura, de maneira a nao terem de se preocupar com perseguicoes religiosas e, principalmente, invejas financeiras (sim, como se a principal preocupacao da Igreja na altura fosse a religiao...)
E vejam no que deu: Amesterdao evoluiu para se tornar inclusive no ponto de partida de uma nova comunidade europeia no "Novo Mundo" a ocidente, a cidade de "Nova Amesterdao" no outro lado do Atlantico.
Enquanto isso, nos hoje ainda estamos a tentar perceber o que aconteceu com a obra do tunel do Metro do Terreiro do Paco.
Ou, mais intrigante ainda, porque razao chamam de "Metro" aquele "electrico rapido" que circula na zona metropolitana do Porto (sera que e so para reforcar o conceito de "Metro-Polis", ou na traducao cientifica e livre dos estudiosos, "cidade-que tem-Metro-nem-que-seja-de-superficie"?!?!).

Bem, mas ja me estou a desviar do proposito original: Amesterdao!
Para muitos, esta e a verdadeira "terra prometida", incluindo o ja mencionado "sexo prometido" e a nao menos iconica "besana prometida". Tudo isto ao estilo "self-service" que e como quem diz, nao e "all you can eat" (conceito americano que tende a abafar a qualidade do que esta em causa em favor da grosseira quantidade oferecida) mas sim um elegante e europeu "all you can taste", apelando a finura dos sentidos e a liberdade de escolha e expressao atraves da passa...

E com uma mais-valia adicional, fruto da democracia reinante neste evoluido canto da Europa: olhar nao custa! Alias, no aspecto financeiro a "pratica" em questao serve mais de "cartaz" do que "bandeja" de receita do chamado "fruto proibido" (desculpem...zzz...zzz...mais esta curta incursao...zzz...zzz...pelo panorama religioso ...aazzz...azzz).
Mais uma prova do desprentensiosismo dos holandeses em geral, e das raparigas "envidracadas" em particular: quem quer faz, e quem nao quer, ve!

Entrei numa "coffeshop", pelo facto de estar a chover a cantaros (parece-me que isso ja foi tema outro dia, nao?), e pedi uma cerveja. Em situacao normal, seria coisa de "Homem": bar = cerveja.
No entanto, ao fim de alguns minutos senti-me trespassado por alguns olhares inquisidores, do estilo "entao, so isso? mais nada? nao contribuis para o bem estar geral?"

Entao apercebi-me: nao era o unico a beber cerveja (ou cola, agua, whatever...), mas toda a gente que entrava, 30 segundos depois de pedir uma bebida ja revolvia nos bolsos a procura de um "saquito" de plastico mui piqueno, cheio de ervas (nao, niguem ia misturar cha com cerveja, e tambem nao me refiro a um qualquer tempero que os holandeses tenham inventado, nos entretantos, porque nisso ainda se pode dizer que nos somos superiores e eles, do alto do seu 1 metro e 90 cm de media, nao nos conseguem imitar...).
Falo do "outro" tipo de erva, aquela que e ilegal em alguns poucos estados do mundo: "so" a maioria dos auto-proclamados paises "desenvolvidos" e "civilizados", se calhar a maioria dos quais tem mais preocupacoes com o PIB, o crescimento da economia e o rendt. per capita do que os "Paises Baixos" (e se calhar tambem e por isso que lhas chamam assim, por considerarem que eles "jogam sujo, baixo" ao permitir toda esta leviandade e a ganhar dinheiro com isso... la esta a agilidade de pensamento financeiro e pratico de que podem ter beneficiado com a fixacao dos judeus!).

Ainda assim, devo dizer que nao recebi olhares de censura, por nao contribuir para o "bem-estar" comum que se sentia (e cheirava) naquele bar. Simplesmente uma expectativa legitima, daqueles que, quase alternadamente, davam o seu humilde contributo para fazer crescer a nuvem espessa que pairava sobre as cabecas de todos e cada um.
Senti verdadeiramente vontade de contribuir, nao pela gula, lascivia, ou qualquer um dos outros pecados mortais que poderiam pender sobre mim, simples mortal: mas por achar que tinham razao, aquelas pessoas momentaneamente livres, despreocupadas e, acima de tudo, generosas no seu "bafo-de-passa". ..

Mas nao!
Limitei-me a seguir a premissa ja antes mencionada: quem quer fuma, quem nao quer cheira!
Oh, que chatice!

Abracos e beijinhos a quem de direito,

CC, the Flying Expat

Definitelly... expat!


Definitelly... expat!

Pois e... Nada como regressar ao "exilio", depois de uma curta visita, para logo a seguir sentir as saudades daquilo que e tao tipicamente nosso: o "dolce fare niente"!
Sim, porque nem sequer foram os italianos que inventaram a expressao; foi um mui laborioso e viajado mercador portugues, algures de permeio entre os sec. 15-16, que no decurso de uma transacao comercial de tecidos por especiarias, com alguns camelos a mistura, olhou para o "camelo" que lhe cobrava portagem em Genova e desabafou como apenas um escravo do emaranhado sistema fiscal o podia fazer... parecia futurologia!

Enfim, era precisamente nao fazer nada e viver dos rendimentos que me apetecia, apos uma visita as praias de Portugal. Mais ainda depois de ter visto chover 23 gatos e 39 caes, bem como 7 canivetes (que nao devem ter dado sorte nehuma a quem os "apanhou"...) a chegada ao meu destino final: "M".
Tentei iludir os meu sentidos, respirando fundo por ainda ter televisao na sala e peugas no quarto (a gente nunca sabe quem anda por ai, nem que coisas "preciosas" sao capazes de nos levar...). Mas logo um espirro me trouxe de volta a realidade: um ceu cinzento, que so nao estava mais carregadinho de agua porque boa parte ja me tinha encharcado a camisola de manga curta (mal habituado) e os sapatos (felizmente nao eram sandalias!).

Se fosse uma planta, era capaz de ter crescido quase de imediato: depois dos banhos de SOL e da "bullshit" acumulada na loja do cidadao (nao podia dizer aquilo em "bom portugues", peco desculpa...), so faltava esta "rega natural" para criar raizes na patria emprestada.
Nao se pode ter tudo, e logo me lembrei que para ja tambem nao podia aderir ao "dolce fare niente", senao nem sequer teria "rendimentos" para "viver" a proxima viagem de aviao de volta a terra natal (nao costumam escrever isso com letra maiuscula, pois nao? senao ja parecia mais coisa de emigrante do que de ex-patriado... nada de confusoes!).

De volta ao "M", e consequentemente ao meu momento sofa-tv-relax, fiz uma retrospectiva das curtas ferias e uma antevisao do negro (ou cinzento) futuro que se me depara antes da troca dos presentes de Natal (agora sim com maiuscula!).
Assim me chegaram as saudades, nao so da praia e da ronha, mas principalmente da familia e dos amigos, com que (normalmente) podemos contar no final de um dia de trabalho (pelos padroes portugueses, umas boas 3 horas incluindo hora e meia de almoco...) para desabafar e ganhar coragem para o dia seguinte.

E ainda pior fiquei ao aperceber-me da inevitabilidade de ter de ir trabalhar no dia seguinte (desta feita cerca de 8 horas, excluindo meia hora de sandes...), falando uma lingua estrangeira que, nao sendo estranha, nao nos deixa chegar a expressoes profundas como "chica" (leia-se "chissa", a falta de cedilhas) ou "com o camandro, que e esta m... ?" (mais uma vez, "bullshit" nao e a mesma coisa; para alem disso, nao sei se ja repararam, mas tambem nao tenho assentos no teclado, por isso tenham paciencia e tentem seguir o raciocinio).
Engracado... Nos, os ex-patriados, quando vemos aproximar as ferias temos uma falsa sensacao de regresso, mas assim que elas acabam percebemos que apenas estavamos a adiar a aceitacao de uma realidade que nunca deixou de a nossa: estar indefinidamente (independentemente do que disser o contrato de trabalho) "emprestados" a outro pais, cultura e costumes, os quais passamos o tempo todo a criticar e a comparar com os nossos de origem, mas com os quais convivemos diariamente e inconscientemente tentamos adaptar e "copiar", so para nos sentirmos "normais" ao fim do dia.

Bem, quando as expressoes "profundas" e "sentimentaloides" aparecem, e sinal de que esta na hora de encerrar a conversa e ganhar coragem para o dia seguinte (ciente da vossa presenca no "lado de la" do ecra, para dar corpo ao meu desabafo...).
Venham novas aventuras por estes lados, e eu as passarei ao teclado para as partilhar convosco.

Abracos e Beijos a quem de direito.

CC, the Flying Expat