Sunday, March 30, 2008

There and Back Again...

Ontem acabei de ver uma vez mais a 'trilogia' de John R.R. Tolkien, na [bastante completa] versao de Peter Jackson. De vez em quando 'la vai disto', que e para isso mesmo que servem os DVD's e assim se gozam pequenas paixoes, quando nao em livro, claro... Mas neste caso tem sido mais facil rever os 3 filmes do que reler os 3 livros. I wonder se nao teria um gostinho diferente, se o fizesse de novo... Claro que desta feita os personagens ja estariam 'catalogados' com os actores, enquanto que da primeira vez a leitura foi 'pura', no sentido de moldar as feicoes e os surroundings da aventura [quica a verdadeira intencao de Tolkien ao criar tao intrincado universo, para que o detalhe pudesse ser ainda mais magico por pertencer quase em exclusivo a imaginacao de cada um de nos...].
Isso tambem me recorda as curtas incursoes a 'casa', para respirar Familia e Amigos, e saborear todo o tipo de iguarias: a vida sao 2 dias, e nessas viagens parece que e so 1 porque tem de se contar com o tempo a ida e de volta... Quanto a 'saudade' vem ao de cima, desejo que fosse 'Here and Back Again' e nao o contrario...
Hoje voltei a mudar o layout do blog, mas no ultimo momento 'contive-me' e suprimi alguns tons de 'portugalidade' que ja se espraiavam pela pagina... Depois ainda teria de mudar o titulo para 'Diario de um Emigrante' ou 'Mala de Plastico' [que a 'outra' la na Franca ja tem direitos de autor sobre um 'outro' titulo].
Assim mantenho-me fiel ao conceito 'Expat', que isto nao e para promover o folcrore e a chourica assada [sem nada ter contra um e outra, bem pelo contrario!], mas o proposito continua a ser dar noticias do lado de ca para quem esta desse lado, e de vez em quando tambem uma ou outra dissertacao dependendo do estado de espirito.

Saudacoes 'fadistas',

The Flying Expat

Sunday, March 02, 2008

Polonia Profunda

Lembro-me de viajar a sul do Tejo, por diversas vezes, e ‘aventurando-me’ por Borba, Vila Vicosa ou Estremoz surgia quase sempre a expressao “Alentejo Profundo”... talvez para dar maior dimensao ao isolamento e as particularidades de viver naquela regiao.

Depois de desfazer a mala de Moscovo, tempo de descansar um dia e re-fazer a mala para nova 'visita' a Polonia. Desta vez o voo foi Amesterdao – Varsovia, mas nao era esse o destino final. Hotel no centro da cidade, e ate aqui nada de novo... a nao ser a neve que caiu durante a noite e deixou um manto branco nos telhados e ruas da cidade. O plano nao era ficar na cidade, mas rumar 300 km a norte para o local que corresponde a sede ‘operacional’ do negocio... mas que de ‘central’ tem muito pouco.

O ‘transfer’ para este ‘escritorio’ durou nada mais, nada menos, do que 3 horas, por estradas ‘nacionais’ a cortar uma paisagem campestre, picotada por quintas e aldeias, numa viagem que me fez recuar no tempo e recordar a expressao acima enunciada, tal como no Alentejo... a Polonia ‘Profunda’…

Curioso como a Polonia apresenta semelhancas no equilibro [!] entre o rural e o urbano. So que o 'fosso' parece bem maior, a vista desarmada. Ainda mais desde a adesao a Uniao Europeia, cidades como Varsovia expandem-se e ‘modernizam-se’ a olhos vistos, depois de anos detras da ‘cortina de ferro’ [que ainda assim muitos admitem nao ter sido tao de ‘ferro’ assim como na ‘vizinha’ Ucrania, por exemplo]. Respira-se ‘liberdade’ e ‘liberalismo’ nas ruas da capital, mas sem esquecer a orientacao ‘moral’ da Igreja, sempre presente, e que representou um papel tao importante nos anos do ‘comunismo’.

Mas saindo alguns quilometros da ‘grande cidade’, a fotografia muda quase que por instantaneo. Ja tinha sido essa a primeira impressao numa curta viagem a Cracovia, 2 anos atras. Estradas ‘nacionais’ ‘povoadas’ de pequenas viaturas, ou mesmo de veiculos puxados por animais, o que me lembra deslocacoes para norte de Vila Franca de Xira, ha muitos anos atras, quando ali acabava a auto-estrada...

Desta vez, a saida de Varsovia o percurso estava 'decorado' com neve, caida durante a noite sem aviso. A chegada, a estranheza de nao vez uma povoacao... mas um 'sitio'! Praticamente se podia dizer que a populacao daquele lugar seriam os trabalhadores da fabrica, e ainda quem quer que trabalhasse e vivesse na 'quinta' do lado oposto da estrada.

No dia seguinte foi mais evidente a 'deslocalizacao' experimentada nesta visita. Tendo ficado num hotel a cerca de 50 km de distancia, a viagem matinal foi feita atraves de estradas secundarias e terciarias, quais atalhos pela natureza para deixar bem vincado onde estavamos. Confesso que teve o seu que de 'refrescante' [nao, desta vez nao tinha nevado...], mas nada que apetecesse por mais dias, especialmente porque eram de trabalho.

Durante a estadia, ainda tempo de uma curta visita a cidade onde viveu Copernico, e onde se veio a fundar uma Universidade, ainda hoje das mais relevantes no pais. Foi agradavel passear na parte 'velha' da cidade, e depois jantar num restaurante com ar 'tipico' [talvez demasiado, se incluirmos os musicos de 'folclore' local...], mas nenhuma razao de queixa da comida, e muito menos da bebida.

Depois de terminadas as reunioes, tempo de voltar a Varsovia para apanhar o aviao de regresso. Desta vez o 'transfer' foi feito numa carrinha, por sinal nao tao confortavel, o que dificultou o descanso que uma viagem de 3 horas apos o almoco [de sandes...] pedia. Ao menos valeu o tempo passado no 'lounge' para relaxar um pouco, se bem que a rebentar pelas costuras [nunca mais terminam as obras no novo terminal...], paragem que ja comeca a ser habitual nestas andancas.

Saudacoes,
The Flying Expat

Saturday, March 01, 2008

Moscovo no Dia de S.Valentim

"Mais vale tarde do que nunca..."
Esta viagem ja ocorreu faz duas semanas, mas ainda vai a tempo de preencher um post.
O voo de ida nao teve estoria. Apenas o facto da chegada ao destino se fazer com duas horas de diferenca no novo fuso horario, ja depois de quase uma hora de atraso na partida. Sem surpresa constatei que o tempo nao mudara muito desde a ultima vez [que foi tambem a primeira], e que a neve preenchia quase todos os espacos em redor da estrada. Mais uma vez o cheiro a alcool [etilico, puro!] que ja havia percebido tratar-se da engenhosa alternativa ao normal liquido para limpar os vidros, contra a formacao de gelo no para-brisa. Hora e meia no transito cada vez mais caotico e tipico de Moscovo, nao interessa se na 2.a ou 3.a radial exterior, se no coracao da cidade [se bem que ainda nao foi desta que passei em frente ao Kremlin...].
Vale a velocidade e engenho [loucura?!?] do motorista da empresa, recrutado ainda como taxista para esta importante funcao de escoltar 'dignatarios' estrangeiros [hihihihi] pelos meandros desta grande cidade. O ingles nao e o seu forte, mas nada que um aperto de mao de uma cara conhecida nao resolva. Uma vez mais nao fui so para esta viagem, numa tentativa mais ou menos forcada de criar uma transicao do 'velho' para o 'novo', suavizando o 'choque' que a 'curva de aprendizagem' invevitavelmente ira causar...
Assim chegamos ja de noite ao hotel, felizmente o mesmo 'santuario' da vez anterior, e tambem o mais recomendavel 'cantinho' de entre outras alternativas que os meus colegas tambem ja aqui
experimentaram. Ao menos contar com uma nota de conforto em viagens destas. Algo que o cartao de credito tera de suportar ate que o ciclo se complete, no emaranhado burocratico de despesas e reembolsos.
Depois de uma leve preparacao para o dia seguinte, a mesa de jantar, uma nao-tao-leve habituacao ao fuso horario e a necessidade de quase forcar o cansaco a intervir duas horas mais cedo que o normal. Afinal os dias seguintes afiguram-se preenchidos, e de certa forma o 'fantasma' da nova responsabilidade persegue-me desde que esta reuniao de 4 dias foi inicialmente agendada...
Acordado para o primeiro dia, tempo de voltar a companhia do nosso motorista na direccao do escritorio, sito numa zona ja residencial, fora do centro, nem por isso com menos movimento. O inicio do dia faz-se de salamaleques e 'ala que se faz tarde', ha que iniciar as 'hostilidades'. Depois de um almoco na 'cantina', onde imperam invariavelmente os pratos de 'rabbit' vs. 'beef' [assim o dizem...], tempo para a versao vespertina da 'reuniao', entao sim transformada em 'discussao'.
Ao fim do dia, o cansaco de uma longa sequencia de argumentos e contra-argumentos em ingles de varios sotaques, que ali ninguem era nativo de um ou outro pais que tenha essa lingua por materna [se bem que os ingleses costumam dizer que os americamos sao o unico povo do mundo que nao sabe falar ingles...]. O jantar de 'cortesia' foi [talvez por isso ?!?] mais silencioso que o esperado, pois lembro na vez anterior uma alegre combinacao de vodka e vinho a ser 'regada' por piadas e estorias de outros tempos. Talvez dessa vez a falta de inibicao fosse extraordinaria, ao contrario do 'presente'... A conversa de circunstancia la tomou o seu lugar, por entre fugazes comentarios acerca da situacao do pais ou da 'nossa' industria, sempre facil de gerar conversa.
De regresso ao hotel, com consciencia do 'peso ' do dia, tempo ainda para uma bebida no bar do hotel, estranhamente 'povoado' numa 3.a a noite, e a surpresa de um outro colega se juntar a 'tertulia' de expatriados na 'cidade vermelha' [sera que ainda se pode dizer isto?], esse sim um verdadeiro 'habitue' das andancas russas...
No dia seguinte, nova bateria de reunioes, desta vez com a agravante de que o meu colega vai de regresso a tarde, o que me deixa na nao muito confortavel posicao de 'one-man-show' durante meio dia. A noite entao chegam outros colegas, novos 'actores' da mesma 'peca de teatro', mas na qual eu nao me livro de participar em cada 'cena'... Enfim, valeu entao o facto de 'despachar' mais uma discussao, e ainda de conhecer um personagem fluente na lingua portuguesa [dos tempos em que o jornal 'Avante' tinha grande tiragem e em que Russos e Portugueses viajavam e permaneciam longas temporadas num e noutro pais, ou nas ex-colonias, como fruto da politica entao vigente]. O jantar foi desta feita 'informal', apesar de devidamente organizado a pensar nos colegas que chegavam e nos que vivem na cidade. Uma oportunidade para a confraternizacao em holandes [a maioria] com um cantinho portugues a salpicar as conversas em ingles.
Dia de S. Valentim.
Foi, sem duvida, de descompressao individual face a agenda dos dois dias anteriores, mas nem por isso menos preenchido. Valeu a presenca da 'task force' chegada no dia anterior, e nova combinacao para jantar desta feita num restaurante Libanes em plena Moscovo. Existe algo de caricato em celebrar uma noite que se quer romantica num restaurante que oferece como entretenimento principal um espectaculo de danca-do-ventre !
Mas nao pensem que o restaurante nao estava a abarrotar de casais, fosse de que natureza fosse, carregando ramos de flores para tras e diante... E caso para pensar se nao ha razao para juntar o 'util' ao 'agradavel', mas deixo ao vosso criterio a associacao de ambos os termos ao cenario em causa.... [hihihi]. Para completar o quadro, a neve nao parou de cair la fora durante todo o jantar, enchendo de branco as janelas daquele recanto 'perdido' do Medio Oriente.
Ficam ainda as estorias divertidas de regresso ao hotel: numa noite 'apinhados' num Lada, com receio que fosse rebentar pelas costuras no meio de cada curva e contra-curva do motorista; e noutra noite de 'boleia' mas com um elemento em excesso, o que relegou um dos 'convidados' para a mala do carro...
A viagem terminou no dia seguinte, com horarios diferentes para o regresso dos participantes, e passando novamente pelo transito da metropole depois de almoco, nao sem antes experimentar uma apreciada variante no menu da 'cantina': salchichas!
Acabou por ser um dia mais comprido que o normal, ao recuperar duas horas no fuso horario de origem, a iniciar um fim-de-semana mais curto que o habitual em face do calendario da proxima viagem, e adiando esta publicacao para dias mais tranquilos...
Saudacoes,
The Flying Expat